Meu início de carreira como tradutor freelancer no Brasil

Artigo escrito por Fabio Said

Os primeiros seis anos de minha atividade profissional como tradutor foram um tanto acidentados. Porém, esse período de início da carreira de tradutor freelancer foi decisivo para mim. Ele é o tema deste artigo da série sobre os meus jubileu de 25 aos no mercado de tradução.

Tradução como ocupação secundária

Após a minha formação em uma escola de tradutores no Brasil, pude confirmar na prática exatamente aquilo que fiquei sabendo durante o curso: É difícil encontrar um emprego fixo de tradutor. Mudar-me para o Sudeste, onde o mercado de trabalho oferecia melhores perspectivas, estava fora de cogitação na época. Por isso tive de ser criativo e considerar outras atividades profissionais que também tinham a ver com as competências linguísticas que eu havia adquirido.

Inicialmente, fui contratado como “ship chandler”, vendendo, por exemplo, mercadorias e mantimentos a navios internacionais atracados no porto de Salvador. Em seguida, fui professor de inglês autônomo, começando apenas com alunos particulares e depois trabalhando em uma escola de inglês local. Por fim, empreguei-me como agente de viagens em um hotel de grande porte conhecido por receber turistas internacionais – sobretudo da Alemanha. Em todas essas atividades, pude aplicar e ampliar meus conhecimentos de inglês, enquanto aprendia alemão no Instituto Goethe e espanhol em estudo autodidata.

Especialização como fator decisivo no início da carreira de tradutor freelancer

Durante todo esse tempo, nunca desisti da tradução. Tentei quase tudo para conseguir trabalhos de tradução: publiquei anúncios no maior jornal regional, distribuí folhetos no campus da universidade, frequentei feiras e eventos para obter contato direto com clientes potenciais e enviei meu currículo para meio mundo. Porém, tudo isso não bastou para me estabelecer. Pelo menos não de imediato. Afinal, tradutores de inglês eram o que não faltava no mercado.

Apesar das dificuldades, ganhei alguns clientes muito bons – sobretudo entre indústrias locais – que, durante vários anos, me mandavam sempre ótimos trabalhos e me possibilitaram uma especialização nas áreas de Engenharia Industrial e Gestão da Qualidade. Naturalmente, só pude assumir esses projetos de tradução, que eram, em parte, bastante grandes, nos períodos em que eu ainda não tinha (ou não tinha mais) emprego fixo.

A especialização nas duas áreas mencionadas bem como – após meu retorno da Alemanha e obtenção de um certificado de proficiência em alemão do Instituto Goethe – o acréscimo do alemão como segunda língua de trabalho foram as chaves para o posicionamento no mercado de trabalho local como tradutor freelancer.

Guia do tradutor: melhores práticas
Meu livro “Guia do tradutor: melhores práticas” apresenta estratégias de especialização para tradutores

Mentoria como trampolim

Porém, o momento de revelação no meu início da carreira de tradutor freelancer só veio depois de quase 6 anos de atividade profissional. Foi quando eu recebi um convite de meu antigo professor do Instituto Goethe, que era tradutor juramentado, para auxiliá-lo em traduções jurídicas juramentadas alemão-português e português-alemão.

Nós já tínhamos trabalhado juntos ocasionalmente na tradução de textos científicos alemães, mas agora a parceria se daria diariamente e no escritório dele. Pouco antes disso, eu pedi demissão do meu emprego de agente de viagens em um hotel de turismo para poder estudar Filosofia. Dessa forma, eu agora podia frequentar a faculdade de manhã e, à tarde, trabalhar em traduções jurídicas.

A oferta de trabalho foi a oportunidade para aprender a traduzir em uma área completamente nova e pôr à prova todos os dias as minhas competências, pois meu trabalho seria revisado por um tradutor jurídico experiente. Por esse motivo, considero esse período como um misto de formação prática (remunerada) e mentoria, o que, por sua vez, funcionou como um trampolim para um novo rumo profissional.

Dessa forma, em 1999, eu iniciei uma nova área de especialização (Direito; até então eram apenas Economia/Finanças, Engenharia Industrial e Gestão da Qualidade), uma nova língua de trabalho (alemão; até então eram apenas inglês e português) e uma nova área de atuação (traduções juramentadas). Até que enfim encontrei algo que me dava realmente prazer em trabalhar, e ainda por cima havia uma clara demanda no mercado de trabalho local. A tradução deixou de ser uma atividade secundária e passei a traduzir em tempo integral. O período em que fui assistente de um tradutor juramentado e depois tradutor juramentado no Brasil será tema do meu próximo artigo desta série.

Fabio Said, tradutor na Alemanha
Sobre o autor
Fabio Said
Fabio Said é tradutor e intérprete jurídico e financeiro de alemão, português brasileiro e inglês, com qualificações profissionais obtidas na Alemanha, Inglaterra e Brasil. Profissional desde 1993. Autor de artigos e livros sobre tradução profissional. Tradutor Público e Intérprete Judicial juramentado na Alemanha, especializado na burocracia Brasil-Alemanha e com centenas de avaliações positivas.
atualizado:

LINGUA BRASILIS ÜBERSETZUNGSBÜRO FABIO SAID

Lingua Brasilis é uma empresa de tradução na Alemanha de português brasileiro. Especializada na área jurídica e em assuntos da burocracia Brasil-Alemanha. Presta serviços de interpretação notarial e judicial e de tradução juramentada para clientes de norte a sul da Alemanha – de Flensburg a Freiburg.

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